sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Trabalhando com arte figurada e abstrata (6º ano)













Com um pouco de fantasia muito se cria: a linha

Uma sequência de pontos unidos forma uma linha.
De acordo com a sua direção, a linha pode ser reta, curva, ondulada, quebrada ou mista.
A linha reta pode apresentar-se nas posições:

A linha horizontal transmite a sensação de amplitude, descanso,
quietude e paz.

A linha vertical transmite movimento, ação, força e dinamismo.
A linha inclinada é uma linha em fuga e desloca-se transmitindo
vitalidade, movimento, instabilidade e curiosidade.

A linha curva pode apresentar-se nas posições côncava ou convexa e transmite alegria, animação e movimento.

A linha ondulada é formada por uma sequência de linhas curvas
e dá a ideia de ritmo, graça e alegria.
A linha quebrada ou poligonal é formada por uma sequência de linhas retas e dá a ideia de força, tensão e agressividade.


A linha mista é formada por uma sequência de linhas retas e curvas dando a ideia de agitação, dinamismo e movimento.

As formas geométricas e a arte - Wassily Kandinsky

Cores, linhas, formas e nada mais na arte da abstração.


     As formas geométricas sempre foram usadas em obras de arte. É comum pintores utilizarem a geometria como meio auxiliar para construções, composições e encaixes nas obras de arte.
Muitos pintores se utilizam da geometria para esboçar suas obras de arte, mas depois apagam as linhas geométricas, deixando ressaltar apenas o desenho desejado. Outros fazem prevalecer em suas obras as formas geométricas, como é o caso dos pintores cubistas, futuristas, surrealistas e da optical-art.
     Veja a obra de Wassily Kandinsky (1866-1944), pintor russo de ascendência asiática, que, saturado das artes orientais e do misticismo eslavo, resolveu partir para a descoberta de leis matemáticas e geométricas envolvidas com o emprego e significado das cores. Quanto mais rigorosa se tornava sua técnica, mais liberava sua imaginação.
     Observe os elementos geométricos dos quadros de Kandinsky Triângulos em arco e No quadro preto, onde se ordenam traçados circulares, triangulares, retangulares, pontos e feixes de linhas.
Black and Violet - 1923
Élan Tempéré (1944) – O último quadro pintado por Kandinsky, pouco antes de falecer.


Técnica da composição figurativa e abstrata

     A composição nasce em arte, a partir das combinações de elementos fundamentais tais como: linha, superfície, volume, luz, espaço e cores.
     A arte figurativa representa diferentes manifestações artísticas (escultura, pintura, gravura, entre outras) nas quais o artista se expressa por meio de imagens que apresentam uma figura que podemos identificar como algo que conhecemos, que faz parte da nossa realidade.
     A preocupação do artista é a de representar tais formas de modo que o observador, ao apreciar a obra, possa identificar o seu cotidiano. As formas e as cores estão diretamente ligadas ao que se quer representar.
Observe estas obras de arte; nelas podemos identificar algumas imagens:


Pierre Auguste Renoir.
Dançando na cidade,1883.
     






Michelangelo. Pietà, 1497 e 1500.
Escultura em mármore.



     Podemos chamar de arte abstrata a todas as manifestações artísticas (escultura, pintura, gravura, entre outras) nas quais o artista não representa imagens figurativas da realidade. Na arte abstrata, o artista se expressa livremente, por meio de formas, cores, linhas e ritmo inteiramente desprendidos de qualquer influência de objetos da realidade. O artista não está preocupado em representar imagem alguma, mas
apenas se preocupa com sua composição artística.
    Observe estas obras de arte. Nelas não identificamos imagens, vemos sim algumas formas, e podemos imaginar várias coisas.

     Tela Idyll por Hans Hofmann, 1955.

            "Pincelada Tridimensional"de Marcello Nitsche


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Gênero Fábula

    A fábula é uma história bastante simples, quase sempre breve, escrita em prosa ou verso e de pouca ação pouco tensa. Seus personagem também são muito simples e, em geral, são animais irracionais que agem como seres humanos. 
    As fábulas sempre sugerem um ensinamento, ou seja, uma conclusão ético-moral com que o autor pretende mostrar como devemos agir com sabedoria. 
  
A rosa e a borboleta

Uma vez uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida, pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim, quando a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só voltou muito tempo depois.
- É isso que você chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você partiu, e além disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!
- Fidelidade!? – riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!
Moral: Não espere fidelidade dos outros se não for fiel também.

1) Que moral podemos deduzir da fábula?
2) O trecho:"Faz séculos que você partiu, e além disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores" constitui um enunciado? Por quê?
3)A borboleta justifica a sua infidelidade pela infidelidade da rosa. Você concorda com os argumentos da borboleta?
4) Que tipo de narrador identificamos na fábula?
5) Identifique o protagonista, antagonista, coadjuvantes e figurantes da fábula.
6) No último parágrafo, qual o sentido da expressão "dando trela"?

Gênero Fábula


   As fábulas são pequenas histórias que transmitem uma lição de moral é uma das mais antigas formas de narrativa. As personagens das fábulas são geralmente animais, que representam tipos humanos, como o egoísta, o ingênuo, o espertalhão, o vaidoso, o mentiroso, etc.

   Muitos escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente famosos: o grego Esopo (século VI a.C.), o latino Fedro (15 a.C. - 50 d.C.) e o francês Jean de La Fontaine (1621 - 1695).
  No Brasil, Monteiro Lobato (século XX) foi quem as recriou. Millôr Fernandes é um escritor carioca que recriou as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine, de forma satírica e engraçada.

   A fábula se divide em 2 partes:
1ª parte - a história (o que aconteceu)
2ª parte - a moral (o significado da história)


O lobo velho
 de Monteiro Lobato

Adoecera o lobo e, como não pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua vida. Foi quando lhe apareceu a raposa.- Bem-vinda seja, comadre! É o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se alguém não me socorre, adeus, lobo!...- Pois espere aí que já arranjo uma rica petisqueira - respondeu a raposa com uma idéia na cabeça.Saiu e foi para a montanha onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma, desgarrada.- Viva anjinho! Que faz por aqui, tão inquieta? Está a tremer...- É que me perdi e tremo de medo do lobo.- Medo do lobo? Que bobagem! Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o rebanho?- Que me diz?- A verdade, filha. Venho da casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo está na agonia e arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de reconciliação.A ingênua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!Enternecida disse:- Pois vou eu mesma selar o acordo.Partiram. A raposa, à frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.- Vamos - disse a raposa -, beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina! A inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!...MORAL: "Muito padecem os bons que julgam os outros por si."

A faixa manchada

     Neste conto de enigma, a Srta. Helen Stoner procura o detetive Sherlock Holmes para desvendar o mistério do assassinato de sua irmã gêmea, Júlia, ocorrido  na mansão de seu padrasto, onde moravam. Ela relata que, após a morte da mãe, o padrasto mudou de personalidade, tornando-se violento e obcecado por animais exóticos. O detetive por meio do raciocínio dedutivo, atende às pistas encontradas na cena do crime, acaba por montar o quebra cabeças que soluciona o mistério.

Arthur Conan Doyle

    O grande escritor nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 22 de maio de 1859. Formou-se em medicina pela Universidade de Edimburgo em 1885, quando montou um consultório e começou a escrever histórias de detetive. Um estudo em vermelho, publicado em 1887 pela revistaBeeton’s Christmas Annual, introduziu ao público aqueles que se tornariam os mais conhecidos personagens de histórias de detetive da lite­ratura universal: Sherlock Holmes e doutor Watson. Com eles, Conan Doyle imortalizou o método de dedução utilizado nas investigações e o ambiente da Inglaterra vitoriana. Segui­ram-se outros três romances com os personagens, além de inúmeras histórias, publicadas nas revistas StrandCollier’s e Liberty e posterior­mente reunidas em cinco livros.
  Outros trabalhos de Conan Doyle foram freqüen­te­mente obscurecidos por sua criação mais famosa, e, em dezembro de 1893, ele matou Holmes (junto com o vilão professor Moriarty), tendo a Áus­tria como cenário no conto “O problema final” (Memórias de Sherlock Holmes). Holmes ressuscitou no romance O cão dos Bas­kerville, publicado entre 1902 e 1903, e no conto “A casa vazia” (A ciclista solitária), de 1903, quando Conan Doyle su­cumbiu à pressão do público e revelou que o detetive conseguira burlar a morte. Conan Doyle foi nomeado cavaleiro em 1902 pelo apoio à polí­tica britânica na guerra da África do Sul, recebendo o título de Sir. Morreu em 1930 na Inglaterra. 

Livros de Conan Doyle na Coleção L&PM Pocket:
Aventuras inéditas de Sherlock Holmes
As melhores histórias de Sherlock Holmes
Sherlock Holmes em A ciclista solitária e outras histórias
Sherlock Holmes em Um escândalo na Boêmia e outras histórias

Sherlock Holmes em O cão dos Baskerville
Dr. Negro e outras histórias

Sherlock Holmes em Um estudo em vermelho
Sherlock Holmes em A juba do leão e outras histórias

Memórias de Sherlock Holmes

A nova catacumba e outras histórias

Sherlock Holmes em Os seis bustos de Napoleão e outras histórias
Sherlock Holmes em O signo dos quatro

Sherlock Holmes em O solteirão nobre e outras histórias
O último adeus de Sherlock Holmes

Sherlock Holmes em O vale do terror
Sherlock Holmes em O vampiro de Sussex e outras histórias

Texto na íntegra disponível em:
http://portugues.free-ebooks.net/ebook/A-Faixa-Malhada/pdf?dl&preview

Contos de Enigma e Contos de Terror


Contos de Enigma
Características:
·      O enredo dos contos de enigma caracterizam-se pela lógica uma primeira série de fatos e ações, ocorridos num tempo anterior ao da narrativa, resulta no crime.
·      A execução do crime produz vestígios. 
·      A análise dos fatos anteriores ao crime e dos vestígios leva à solução do crime. 
·      O autor deve planejar o enredo de modo que haja não só um MOTIVO para o crime  e o meio de executá-lo, mas também PISTAS que o detetive, usando o raciocínio lógico, consegue seguir, chegando à solução do mistério - um processo que o leitor também vai poder seguir.
Contos de Terror
Características:

            Os contos de terror despertam no leitor sensações de medo e horror diante da morte, da loucura e do mal que se esconde na mente humana.
           As personagens são assombradas por fantasmas e vivem experiências  extraordinárias. Em outros contos, a causa do terror se encontra na mente da personagem.
            Nos contos de terror, a descrição do espaço e do tempo são recursos para criar suspense.

Linguagem: 

• Objetiva; utiliza metáforas de imediata compreensão para o leitor; despe –se de abstrações e da preocupação com o rebuscamento.
•  O conto desconhece alçapões subterrâneos ou segundas intenções. Os fatos devem estar presentes e predominantes. Ação antes da intenção.
•   Dentre os componentes da linguagem do conto, o diálogo é o mais importante de todos. Está em primeiro lugar; por dramático, deve ser tanto quanto possível dialogado.

Foco Narrativo:
ü 1ª e 3ª pessoas. O conto transmite uma única impressão ao leitor.
ü Começo e epílogo: O epílogo do conto é o clímax da história. Enigmático por excelência, deve surpreender o leitor.
ü O contista deve estar preocupado com o começo, pois das primeiras linhas depende o futuro do resto, do que terminar.
ü O começo está próximo do fim. E o contista não pode perder tempo com delongas que enfastiam o leitor, interessado no âmago da história.
ü O início é a grande escolha. O contista deve saber como começar, o romancista.
ü A posição do leitor diante do conto é de quem deseja, às pressas, desentediar – se. Ele procura no conto o desenfado e o deslumbramento perante o talento que coloca em reduzidas páginas tanta humanidade em chama. O contista sacrifica tudo quanto possa perturbar a ideia de completude e unidade.

O RETRATO OVAL



Edgar Allan Poe

     O castelo em que o meu criado se tinha empenhado em entrar pela força, de preferência a deixar-me passar a noite ao relento, gravemente ferido como estava, era um desses edifícios com um misto de soturnidade e de grandeza que durante tanto tempo se ergueram nos Apeninos, não menos na realidade do que na imaginação da senhora Radcliffe. Tudo dava a entender que tinha sido abandonado recentemente. Instalámo-nos num dos compartimentos mais pequenos e menos sumptuosamente mobilados, situado num remoto torreão do edifício. A decoração era rica, porém estragada e vetusta.

     Das paredes pendiam colgaduras e diversos e multiformes trofeus heráldicos, misturados com um desusado número de pinturas modernas, muito alegres, em molduras de ricos arabescos doirados. Por esses quadros que pendiam das paredes - não só nas suas superfícies principais como nos muitos recessos que a arquitectura bizarra tornara necessários - , por esses quadros, digo, senti despertar grande interesse, possivelmente por virtude do meu delírio incipiente; de modo que ordenei a Pedro que fechasse os maciços postigos do quarto, pois que já era noite; que acendesse os bicos de um alto candelabro que estava à cabeceira da minha cama e que corresse de par em par as cortinas franjadas de veludo preto que envolviam o leito. Quis que se fizesse tudo isto de modo a que me fosse possível, se não adormecesse, ter a alternativa de contemplar esses quadros e ler um pequeno volume que acháramos sobre a almofada e que os descrevia e criticava.

     Por muito, muito tempo estive a ler, e solene e devotamente os contemplei. Rápidas e magníficas, as horas voavam, e a meia-noite chegou. A posição do candelabro desagradava-me, e estendendo a mão com dificuldade para não perturbar o meu criado que dormia, coloquei-o de modo a que a luz incidisse mais em cheio sobre o livro.

     Mas o movimento produziu um efeito completamente inesperado. A luz das numerosas velas (pois eram muitas) incidia agora num recanto do quarto que até então estivera mergulhado em profunda obscuridade por uma das colunas da cama. E assim foi que pude ver, vivamente iluminado, um retrato que passava despercebido. Era o retrato de uma jovem que começava a ser mulher.

     Olhei precipitadamente para a pintura e acto contínuo fechei os olhos. A principio, eu próprio ignorava por que o fizera. Mas enquanto as minhas pálpebras assim permaneceram fechadas, revi em espírito a razão por que as fechara. Foi um movimento impulsivo para ganhar tempo para pensar - para me certificar que a vista não me enganava -, para acalmar e dominar a minha fantasia e conseguir uma observação mais calma e objectiva. Em poucos momentos voltei a contemplar fixamente a pintura.

     Que agora via certo, não podia nem queria duvidar, pois que a primeira incidência da luz das velas sobre a tela parecera dissipar a sonolenta letargia que se apoderara dos meus sentidos, colocando-me de novo na vida desperta.

     O retrato, disse-o já, era de uma jovem. Apenas se representavam a cabeça e os ombros, pintados à maneira daquilo que tecnicamente se designa por vinheta - muito no estilo das cabeças favoritas de Sully. Os braços, o peito, e inclusivamente as pontas dos cabelos radiosos, diluíam-se imperceptivelmente na vaga mas profunda sombra que constituía o fundo. A moldura era oval, ricamente doirada e filigranada em arabescos. Como obra de arte, nada podia ser mais admirável que o retrato em si. Mas não pode ter sido nem a execução da obra nem a beleza imortal do rosto o que tão subitamente e com tal veemência me comoveu. Tão-pouco é possível que a minha fantasia, sacudida da sua meia sonolência, tenha tomado aquela cabeça pela de uma pessoa viva.

     Compreendi imediatamente que as particularidades do desenho, do vinhetado e da moldura devem ter dissipado por completo uma tal ideia - devem ter evitado inclusivamente qualquer distracção momentânea. Meditando profundamente nestes pontos, permaneci, talvez uma hora, meio deitado, meio reclinado, de olhar fito no retrato. Por fim, satisfeito por ter encontrado o verdadeiro segredo do seu efeito, deitei-me de costas na cama. Tinha encontrado o feitiço do quadro na sua expressão de absoluta semelhança com a vida, a qual, a princípio, me espantou e finalmente me subverteu e intimidou. Com profundo e reverente temor, voltei a colocar o candelabro na sua posição anterior. Posta assim fora da vista a causa da minha profunda agitação, esquadrinhei ansiosamente o livro que tratava daqueles quadros e das suas respectivas histórias. Procurando o número que designava o retrato oval, pude ler as vagas e singulares palavras que se seguem:

     Era uma donzela de raríssima beleza e tão adorável quanto alegre. E maldita foi a hora em que viu, amou e casou com o pintor. Ele, apaixonado, estudioso, austero, tendo já na Arte a sua esposa. Ela, uma donzela de raríssima beleza e tão adorável quanto alegre, toda luz e sorrisos, e vivaz como uma jovem corça; amando e acarinhando a todas as coisas; apenas odiando a Arte que era a sua rival; temendo apenas a paleta e os pincéis e outros enfadonhos instrumentos que a privavam da presença do seu amado. Era pois coisa terrível para aquela senhora ouvir o pintor falar do seu desejo de retratar a sua jovem esposa. Mas ela era humilde e obediente e posou docilmente durante muitas semanas na sombria e alta câmara da torre, onde a luz apenas do alto incidia sobre a pálida tela. E o pintor apegou-se à sua obra que progredia hora após hora, dia após dia. E era um homem apaixonado, veemente e caprichoso, que se perdia em divagações, de modo que não via que a luz que tão sinistramente se derramava naquela torre solitária emurchecia a saúde e o ânimo da sua esposa, que se consumia aos olhos de todos menos aos dele. E ela continuava a sorrir, sorria sempre, sem um queixume, porque via que o pintor (que gozava de grande nomeada) tirava do seu trabalho um fervoroso e ardente prazer e se empenhava dia e noite em pintá-la, a ela que tanto o amava e que dia a dia mais desalentada e mais fraca ia ficando.

     E, verdade seja dita, aqueles que contemplaram o retrato falaram da sua semelhança com palavras ardentes, como de um poderosa maravilha, - prova não só do talento do pintor como do seu profundo amor por aquela que tão maravilhosamente pintara. Mas por fim, à medida que o trabalho se aproximava da sua conclusão, ninguém mais foi autorizado na torre, porque o pintor enlouquecera com o ardor do seu trabalho e raramente desviava os olhos da tela, mesmo para contemplar o rosto da esposa. E não via que as tintas que espalhava na tela eram tiradas das faces daquela que posava junto a ele. E quando haviam passado muitas semanas e pouco já restava por fazer, salvo uma pincelada na boca e um retoque nos olhos, o espírito da senhora vacilou como a chama de uma lanterna. Assente a pincelada e feito o retoque, por um momento o pintor ficou extasiado perante a obra que completara; mas de seguida, enquanto ainda a estava contemplando, começou a tremer e pôs-se muito pálido, e apavorado, gritando em voz alta 'Isto é na verdade a própria vida!', voltou-se de repente para contemplar a sua amada: - estava morta!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Gênero: Romance de Aventura

O QUE É O ROMANCE DE AVENTURA?

        Este gênero literário, que surgiu no final do século XIX, tem o objetivo de contar aventuras. O herói desse tipo de romance em geral é um personagem simpático (criança, adolescente ou adulto), que é arrancado de sua vida cotidiana e se vê obrigado a enfrentar circunstâncias extraordinárias.

                             CARACTERÍSTICAS:

        Romance é um tipo de história longa e complexa, com várias personagens. Caracterizado por livros, eles permitem que o leitor se aprofunde na trama e conheça bem cada um dos protagonistas dela. Dentro de um romance podem existir histórias secundárias que ajudam a compor o caráter e a personalidade das personagens ou ajudam no entendimento do que se passa na história.
         O protagonista reage com certas qualidades (coragem, astúcia, inteligência) que, muitas vezes, ignorava possuir. Nesses romances o desenlace não é importante. Terminada a aventura, o personagem retorna à vida cotidiana. 
      Essas obras apresentavam lugares exóticos, situações extremas de sobrevivência, ações de grande coragem e inteligência, dentre outras que serviram de inspiração a ficção de aventuras. Vem daí que, no final do século XIX, surge o romance de aventuras, com o objetivo de contar aventuras de cunho fictício.
     žO herói desse tipo de romance é, em geral, um personagem simpático (criança, adolescente ou adulto) que é arrancado da sua vida cotidiana e se vê obrigado a confrontar circunstâncias extraordinárias de grande perigo.
     Ele é capaz de dominá-las com certas qualidades (coragem, astúcia, inteligência) que, muitas vezes, ignorava possuir. Mas, regra geral, não é um personagem solitário, acompanha-lhe um amigo fiel, que lhe obedece cegamente. Ou, então, é apoiado por uma figura de autoridade, geralmente paterna.
  ž    Terminada a aventura o herói é compensado com valores espirituais ou materiais e se reincorpora a vida cotidiana.

         No romance de aventuras não há preocupação com a verossimilhança, o que lhe permite o exagero em ações inesperadas. O desenlace também não é tão importante.


Robinson Crusoé (Daniel Defoe)


     O livro conta a história de Robinson Crusoé que era um jovem marinheiro inglês. Um dia ele decide seguir seu caminho e parte para uma aventura sem avisar ninguém. Então embarca em um navio. Como castigo do destino, seu navio é pego por uma tempestade e naufraga.          
       Toda a tripulação morre, exceto o jovem Crusoé, encalhado naquela ilha do Caribe. Lá ele tem duas escolhas: se deixar levar pela maré ou lutar pela sua vida. Ele busca por mantimentos no navio naufragado. Constroi uma fortaleza de madeira na praia e uma outra casa, embrenhada na floresta, a qual chamava de "Casa de Campo" onde plantou cereais a partir de grãos que haviam no navio. Fez também todas as ferramentas, mesa, cadeira e tudo o mais de que precisava para seu uso. Durante 25 anos de solidão absoluta, Robinson encontra outros valores éticos em sua vida, inclusive a religião onde passava a ler sempre a Bíblia que havia encontrado no antigo navio.
      Depois de anos e anos vem uma descoberta: Robinson descobre uma “pegada” e então percebeu que não estava sozinho na ilha. Descobriu uma tribo de canibais, e destes canibais ele conseguiu "domesticar" um. Deu o nome à esse índio de Sexta-Feira. A princípio, tenta voltar às suas origens sociológicas e escraviza o homem. Aos poucos, entretanto, sua humanidade é aflorada e ele encontra um amigo.
       Depois de muitos anos já na ilha, Robinson encontra um barco no horizonte e este o leva de volta até sua querida Inglaterra, deixando na ilha alguns espanhóis que sendo prisioneiros preferiram ficar morando na ilha do que voltar e serem enforcados.
     Robinson, depois de um tempo e de muitas outras aventuras decide voltar à ilha e lá encontra os amigos espanhóis que o haviam ajudado a sair da ilha. A ilha já estava habitada, inclusive com crianças, pois anos atrás mandaram mulheres para lá também. Robinson fretou um navio com armas, provisões, vacas e outros animais e levou para a ilha que se tornara próspera e populosa em um vilarejo, no meio do Caribe.